Publiquei que o teríamos um movimento de alta na Bolsa que se confirmou. Aparentemente esse movimento pode ter acabado, mas, se não acabou, não irá longe. As questões técnicas estão no gráfico. Abaixo descrevo o cenário político e econômico que me mantém pessimista.
Estados Unidos em 2020 destruiu 22 MILHÕES de empregos e os índices lá se aproximam de uma recuperação em V. O mercado está completamente iludido, como esteve em janeiro/fevereiro. Isso sem contar que a pandemia do COVID-19 não acabou e não sabemos exatamente até onde irá.
Aqui, nosso governo parece estar se entregando ao pragmatismo político, para usar de um eufemismo. Após a queda do fiador moral do Governo, Sérgio Moro, Bolsonaro se aproxima do congresso oferecendo cargos. A curto prazo acredito que, talvez, o mercado veja com bons olhos esse movimento, que justifica, por exemplo, uma boa semana a nossa frente. No entanto a fragilidade dessa relação vem de todos os lados e não nos permite estar otimistas.
O congresso não vai parar em alguns cargos, o próprio Temer sofreu com isso. Sem o apoio popular que o Presidente trocou por esse apoio político, a qualquer sinal de fraqueza o congresso ameaçará pular do barco, um fantasma de impeachment pairará sobre Bolsonaro até o fim do seu mandato. O Governo não tem margem de manobra financeira, o que implica que não terá bala na agulha quando a situação apertar. Essas oscilações de apoio significaram turbulência na Bolsa.
O cenário de terra arrasada na nossa economia não irá mudar tão cedo. O COVID-19 persiste como problema sem solução. As contas do governo irão continuar a se deteriorar com a queda na arrecadação e aumento do populismo financeiro. O Banco Central está numa sinuca de bico. Se mantém os juros baixos, o dólar vai continuar a subir forte. Se sobe a SELIC, contém um pouco o dólar mas ferra com as contas públicas, o crédito e a bolsa numa tacada só.